A Secretaria de agricultura em parceria com a ACIPTA, celebram a entrega do dossiê ao INPI, para registro do selo de indicação geográfica de origem para as laranjas da Região de Tanguá .
A região de Tanguá está cada vez mais próximo de conseguir o selo de Indicação Geográfica (IG) das laranjas produzidas na região. No início do mês passado, a Associação dos Citricultores e Produtores Rurais de Tanguá (ACIPTA) protocolou o dossiê solicitando o selo junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). A previsão é que o certificado seja emitido no fim do ano que vem.
O Instituto de Inovação e Tecnologias Sustentáveis (Inovates) foi um dos órgãos responsáveis por levar adiante o processo da Indicação Geográfica. Durante um evento realizado na manhã desta quinta-feira (10), na sede da Secretaria Municipal de Agricultura e Desenvolvimento Rural, o consultor Fabrinni Monteiro falou sobre a importância do IG para os produtores da região.
“Um produto com IG é único. Significa que ele só tem aquelas propriedades porque sua elaboração é influenciada por características ambientais ou culturais de determinada região. Com sua emissão, preserva-se as tradições locais, e torna-se possível marcar a diferença de outros produtos similares, além de intensificar seu acesso a mercados”, explicou Fabrinni.
De acordo com a presidente da ACIPTA, Alessandra Macedo, a iniciativa tem por finalidade reconhecer a notoriedade, reputação, qualidade e características típicas do produto e da sua produção. “O principal objetivo é agregar valor ao produto final e principalmente proteger a região produtora. Foram dois anos de muito trabalho. Esse selo será um marco na história não só de Tanguá, como de toda região produtora”, afirmou Alessandra.
A secretária municipal de Agricultura e Desenvolvimento Rural, Claudia Milão, ressaltou a participação dos produtores locais na elaboração do dossiê. “Vocês tiveram um papel fundamental nesse processo. acreditaram no projeto junto com a secretaria desde o começo. Quando assumi a secretaria tinha esse desafio e fico muito feliz em ver esta primeira etapa sendo concluída . Este é um projeto que vai alavancar a citricultura do estado Demos um passo muito importante, na história do nosso Município .
Atualmente o país conta com 73 selos Indicação Geográfica, sendo 54 ligadas ao agronegócio. Na Região Sudeste, são 24 IGs. A Cachaça de Paraty é uma delas. Caso venha receber o selo, Tanguá passa a ter o primeiro IG de laranja do mundo. “Não é só o selo, são desenvolvidas boas práticas de gestão, associação de produtores, uso de defensivos corretamente, questão de análises que próprios produtores podem fazer em relação a parâmetros físicos, ao tamanho, para melhor venda. Um projeto como esse valoriza o produtor, o território e as pessoas. A gente muda a realidade da região com o que perpassa esse projeto – explica Ludimila Gaspar, auditora fiscal agropecuária que atua pelo Ministério da Agricultura.
Estudo realizado pela Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio (Pesagro-RJ) revela que o estado do Rio cultiva cerca de 70 mil toneladas de laranja por ano, beneficiando diretamente 830 citricultores. O município de Tanguá, maior produtor fluminense, foi responsável por 42% da safra em 2016, segundo a instituição.
O processo pela adoção da IG é uma ação conjunta da Associação dos Citricultores e Produtores Rurais de Tanguá (ACIPTA) com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), por meio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa); da Secretaria Estadual de Agricultura e Pesca – por meio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-Rio); e das prefeituras de Tanguá, Itaboraí, Rio Bonito e Araruama. O Sebrae e a Pesagro também foram parceiros no projeto.
Conceitos
Há dois tipos de Indicação Geográfica no Brasil. A Indicação de Procedência (IP) indica a origem do produto, baseada na reputação da região, geralmente conhecida por fabricar determinado produto, ou prestar determinado serviço, a partir do histórico e da tradição locais. É o reconhecimento público de que o produto de determinada região possui qualidade diferenciada.
Já a Denominação de Origem (DO), que é o caso da laranja de Tanguá, é concedida quando as qualidades do produto sofrem influência exclusiva ou essencial das características daquele lugar, sejam fatores naturais ou humanos. Ou seja, os fatores ambientais – como clima e altitude – e as peculiaridades da região, influenciam no resultado final, na qualidade do produto, de forma identificável e mensurável.